O objetivo do artigo é levantar algumas teses ou argumentos sobre as especificidades da neoliberalização da cidade do Rio de Janeiro, tomando o caso da renovação do Porto Maravilha, que também podem contribuir para a compreensão do contexto urbano brasileiro e latino-americano. Os resultados da análise desenvolvida possibilitam interpretar as contradições associadas à implementação do projeto de renovação do Porto Maravilha em torno de três teses. A primeira afirma que a compreensão das transformações urbanas no Porto Maravilha deve levar em consideração as características específicas da configuração urbana da cidade - uma ordem urbana híbrida, desigual e combinada -, e do papel da cultura negra e da diáspora africana na sua configuração. A segunda tese argumenta que o Porto Maravilha se constitui em um experimento neoliberal deflagrado por uma coalizão de interesses, mas que sua implementação é constrangida pela ordem urbana híbrida, desigual e combinada e, ao mesmo tempo, a modifica, num processo de destruição criativa multiescalar que produz uma versão local de um fenômeno global. A terceira tese argumenta que os projetos de renovação urbana no Rio de Janeiro promovem um tipo particular de elitização, a gentrificação periférica, caracterizada por processos de branqueamento e tentativas de aniquilação da cultura negra, mas as resistências sociais resultam na reprodução da ordem urbana híbrida, desigual e combinada. Em termos de métodos e técnicas aplicados, a pesquisa envolveu a combinação de diferentes técnicas de coletas de dados, destacando-se a análise documental e as observações direta e participante.
Palabras clave:
Diáspora Africana, Gentrificaçao Periférica, Urbanizaçao Neoliberal, Ordem Urbana, Porto Maravilha
Santos Junior, O., Werneck, M., & Ramos Novaes, P. (2019). Contradições do Experimento Neoliberal do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. Revista De Urbanismo, (42), 1–16. https://doi.org/10.5354/0717-5051.2019.54265